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Aprendendo marketing com os Mamonas Assassinas

Lições de um fenômeno meteórico da música pop brasileira


No próximo domingo (21) vem a Porto Alegre o musical sobre os Mamonas Assassinas, banda que também foi alvo de uma cinebiografia recente. Do estrelato repentino à morte trágica, o quinteto de comic rock deixou alguns ensinamentos de marketing em sua curta trajetória. Confira:


1) Esteja disposto a pivotar. Antes de serem Mamonas Assassinas, Dinho, Bento, Samuel e Sérgio (ainda sem o tecladista Júlio) eram o Utopia, uma banda de rock convencional e um tantinho ultrapassada. Em pleno anos 1990, trazia um discurso existencialista e antissistema, típico da década anterior e já sepultado pelo som mais arejado daquela época (saiba mais a partir do minuto 13:20 deste vídeo). Diante do insucesso da sua proposta, foram convencidos pelo produtor Rick Bonadio a capitalizar sobre sua principal virtude, o humor. Assim se tornaram Mamonas Assassinas.


2) Crie um mercado novo. Ao adotarem a linha debochada, passaram a ter um diferencial: em vez de serem mais uma banda de rock, tornaram-se a única a apostar no estilo. Como bem definiu o vocalista Dinho, em um depoimento à MTV: não entraram numa 'fila'; criaram uma 'fila' só para eles (aqui, minuto 13:42).


3) Se a pivotagem der certo, siga em frente. Anos antes dos Mamonas Assassinas, uma banda parecida, chamada Inimigos do Rei, levou-se muito a sério e se negou a persistir no som escrachado que a lançou ao estrelato. Sumiu (aqui, minuto 8:40).


4) Conquistou um segmento inesperado? Abrace-o. É comum negócios começarem tendo em mente um determinado target e acabarem atingindo outro. Foi o caso dos Mamonas, que se tornaram ídolos das crianças, algo que nenhum deles previa (aqui, de 1:53 até 2:20). Ruim? Claro que não. Tanto que os produtores decidiram criar espaços específicos nos shows para crianças acompanhadas de seus pais, evitando que elas se misturassem com a multidão de adolescentes e pudessem curtir as apresentações numa boa.


5) Aproveite o sucesso para...fazer mais sucesso. "(A) popularidade tende a se amplificar de maneira exponencial. (...) Assim, pode ser que as canções sejam famosas simplesmente porque são famosas", escreve o jornalista Carl Wilson ('Música de Mierda', Blackie Books, 2023, p. 102). Ou como diz o empresário musical Diego Damasceno, "show gera show" (a partir do minuto sete, neste corte). Foram oito ou nove meses em que a banda trabalhou incansavelmente, sem negar convites para programas de TV, entrevistas em rádio e aparições país afora. O resultado? Um disco entre os 15 mais vendidos da história brasileira.


6) Sorte é fundamental. André Midani, histórico diretor de gravadora, chamava-a de "o imponderável". Nunca se sabe se um artista irá estourar, independentemente de seus méritos musicais. Por isso, sem ela, "não se come nem um Chicabon", dizia Nelson Rodrigues.


A mesma sorte que fez tanta falta aos Mamonas naquela noite de dois de março de 1996.

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