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Conte Freire: uma aposta ousada no mercado de Porto Alegre

  • andredangelodomini
  • 5 de jul. de 2005
  • 3 min de leitura

Inaugurada há três meses, a Conte Freire é uma novidade e tanto no varejo de Porto Alegre – e, quiçá, no varejo do próprio Sul do país. Trata-se de uma loja-conceito de 450 m2 de área de vendas, localizada num dos melhores bairros da cidade, o Moinhos de Vento. Lembra um pouco a Clube Chocolate, de São Paulo, pela originalidade da proposta: comercializa vestuário feminino de marcas consagradas e de novos estilistas, assim como artigos de decoração, gadgets, livros, artesanato, mimos para pets, chocolates e vinhos – além de contar com um pequeno bar. Nos fundos do imóvel há um jardim e um espaço coberto reservado a eventos como cursos, palestras, vernissages e noites de autógrafos.

A inspiração para a loja, diz a proprietária Anita Freire Johannpeter, veio de diversos pontos-de-venda que ela conheceu no Brasil e no exterior. Paulista de Ribeirão Preto e casada com um gaúcho, Anita vive em Porto Alegre há três anos. Num primeiro momento, chegou a cogitar de abrir uma academia de ginástica na cidade, mas estudos de mercado não recomendaram o empreendimento. Mudou seus planos e optou por uma loja que fosse, em primeiro lugar, um ponto de encontro agradável - e no qual a venda se tornasse conseqüência. Algo do qual ela, enquanto consumidora, sentia falta em Porto Alegre. “A pessoa pode vir para ler as revistas, conversar com as vendedoras, não precisa vir para comprar”, diz Anita.

Assessorada por uma consultora de moda e profissionais da área de arquitetura e engenharia, Anita começou a conceber a Conte Freire há pouco mais de um ano, assim que deixou para trás os planos da academia de ginástica. Depois de muita discussão, chegou ao conceito atual da loja, no qual não existem divisões formais entre as seções e a distribuição dos itens obedece mais a uma lógica temática do que exatamente de categoria de produto. Vale destacar: trata-se do “conceito atual” da loja, e não necessariamente o “definitivo”. “Quero que cada vez que o cliente venha aqui, a loja esteja diferente. Não quero engessá-la”, diz Anita. Ela reconhece que está formando o conceito da Conte Freire aos poucos, à medida que observa a reação dos consumidores e aprende com a própria experiência de gerenciar o negócio no dia-a-dia.

De fato, se o conceito da Conte Freire não é exatamente inédito no exterior ou mesmo em São Paulo e Rio, em Porto Alegre ele é uma novidade. Na mesma loja pode-se comprar tanto as melhores marcas nacionais de vestuário – Fause Haten, Forum, Tufi Duek, Huis Clos, Reinaldo Lourenço – e algumas internacionais – Diesel e Nike, por exemplo -, assim como itens de artesanato produzidos por ONGs. Um mix de produtos que vai de R$ 3,00 (preço de um chaveiro) a R$ 10 mil (valor de um casaco de pele).

Anita revela que o volume de vendas, desde a inauguração, está dentro do esperado. Tem consciência de que a sedimentação do conceito da loja virá com o tempo, num processo de aprendizado em duas vias: ela mostra para o cliente um conceito novo de loja, inédito na cidade, e assimila, no cotidiano, aquilo que funciona ou não junto ao consumidor local. Algumas reações ainda a surpreendem, mas reconhece que, no fundo, quis causar surpresa e impacto mesmo. Não tem planos de expansão para além da loja atual, mas, pensando bem, nem faria sentido: a Conte Freire tal como está já representa um desafio e tanto, uma aposta ousada num mercado ainda não habituado com um formato de varejo menos convencional.

Mais do que descrever a experiência da Conte Freire, vale refletir sobre ela – o que se pode aprender em termos de gestão do mercado de luxo e marketing de varejo. Por isso, na próxima edição do Gestão do Luxo, farei um breve comentário a esse respeito.

© 2017 André D'Angelo - Criado pela Balz Comunicação.

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